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Quando falamos sobre cachorros, é fácil pensar em alguns que fazem parte da nossa rotina. O caramelo deitado na esquina de sua casa, o Pinscher possuído da sua tia que come na mesa, ou até mesmo o cão que vive no quintal da sua casa.
Por séculos, a relação entre cães e seres humanos beneficia a humanidade. Além do processo evolutivo de ambas as espécies, é possível observar que cada vez mais os cães preenchem espaço no ambiente social humano.
Essa interação é tão precisa que, por necessidade de ambos, os cães hoje ocupam espaço no ambiente operacional de diversas instituições. Enquanto você lê essa matéria, algum cão está fazendo a diferença na vida de alguém!
Por exemplo: Um cão-guia que ajuda seu proprietário nas atividades diárias; no auxilio na pesquisa e desenvolvimento da ciência são cães de bio detecção; cães de Busca e Resgate de pessoas perdidas e/ou vítimas de desastres; cães policiais e até mesmo cães de guerra! E é justamente sobre estes dois últimos exemplares que vamos tratar nesta matéria.
Cães na Segurança Pública
Atualmente, os cães presentes nas forças de Segurança Pública auxiliam os operadores em funções essenciais e atividades extremamente complexas.
Você já deve ter ouvido falar que o olfato é o sentido mais apurado do cão, mas essa não é a única característica destacável nos cães de serviço.
Com um grande potencial de mordida e muita disposição, o cão de patrulha impõe respeito e garante a integridade física de seu fiel condutor. Assim como também desencoraja algumas pessoas que querem tumultuar e causar desordem.
Afinal, por mais desconfortável que seja a ação de um agente químico, ainda é melhor do que sentir um aglomerado de dentes cravejando e dilacerando o tecido muscular da sua perna.
Por essa breve noção, é possível observar que a presença do cão neste contexto de atividade não beneficia apenas o operador. Neste caso, como espécie, o cão é o principal beneficiado! Isso mesmo: apesar de estar na condição de “serviço”, para os cães, estar no trabalho lhe gera prazer e supre suas necessidades básicas.
Mas como isso é possível? Você deve estar se perguntando como tarefas tão complexas, que exigem tanta performance e capacidade física dos cães pode ser prazerosa?
Para compreendermos melhor esse ponto vista, é preciso olhar para os cães de acordo com o que sua natureza apresenta. Ou seja: mais ciência e estudo, ver o cão sob a óptica canina, não a humana.
Ao contrário dos seres humanos, cães são indivíduos biologicamente orientados! Essa razão é compreendida por uma questão neurofisiológica e anatômica. Apesar de possuírem o sistema nervoso central e autônomo muito semelhante ao nosso, algumas regiões do cérebro são menos desenvolvidas nos cães.
Mas afinal, o que isso quer dizer?
Tudo! Pois percebemos que este mamífero tão presente em nossas relações sociais, é, por final, dependente de nossas atitudes. Vamos para a seleção do nosso K9!
Ah! E por falar nessa sigla, essa é uma curiosidade muito bacana: a sigla “K9” é um homófono da língua inglesa. Quando lemos, o som se pronuncia canine (key + nine) associando ao conceito de “canino”.
Como funciona a seleção de um cão policial?
Basicamente, os cães de atividade policial são oriundos de plantéis de criação de cães de raça. Esses criadores possuem um alto cuidado com a apresentação morfológica de cada raça e também garantem a preservação de características desejáveis para cada função específica. Algumas instituições possuem seu próprio plantel e executam o melhoramento genético de acordo com a realidade de sua unidade.
Sendo assim, esse primeiro passo da seleção objetiva identificar o indivíduo agraciado por natureza, com as características desejáveis para o desempenho de determinada função. Acima de tudo, inserir este cão em um ambiente que seja compatível com suas necessidades naturais. Mas essa tarefa não é nada fácil. Pois um bom filhote é apenas um filhote.
Como assim?
Quero dizer que mesmo sendo filho de pais excepcionais, não significa que ele será exatamente igual a seus ascendentes. O fator genético é indispensável, porém, o manejo adequado e o acompanhamento diário destes animais, são tão determinantes quanto.
Exatamente como acontece conosco! Sabemos o quão importante é o ambiente o qual uma criança está inserida e os prejuízos caso este ambiente seja incompatível com sua idade, estrutura física, psicológica e etc.
Treinamento
Após previamente selecionados, os cães passam por um período de treinamento que dura em média 18 meses. Durante esse período, os cães são expostos aos cenários onde futuramente irão atuar. E a todo tempo, são constantemente assistidos por seus respectivos treinadores.
Novamente, é importante lembrar que todo processo de treinamento é baseado naquilo que os cães possuem por natureza. Ou seja, comportamentos como farejar constantemente o ambiente em que se encontram, buscar por odores que lhes indiquem benefícios, subjugar oponentes e etc..
Em outrora, essas habilidades inatas eram meios de sobrevivência, agora, toda essa “força propulsora” é canalizada para tarefas que demandam a mesma energia. Porém, passam a ser direcionadas e gerenciadas por seu treinador.
Assim, fica mais fácil compreender o porquê cães de trabalho são tão felizes no desempenho de suas tarefas.
É claro que não poderíamos deixar de comentar sobre o potencial incrível do olfato. Com uma estrutura altamente desenvolvida, os cães conseguem identificar, discriminar e selecionar odores ao mesmo tempo em que respiram!
Criando vórtices nas entradas do focinho, eles conseguem identificar odores que passam por sua cana nasal, de maneira simultânea. Cães farejadores possuem em média 300 milhões de células olfativas, nós humanos possuímos em média 5 milhões.
Mas não é só isso! O mais fascinante também é que cada célula olfativa possui em média 150 cílios, que são uma espécie de receptores, ao passo que no ser humano há em média 8 cílios por célula.
Agora fica ainda mais evidente o quão satisfatório é para um cão farejador efetuar varreduras em diversos cenários e ambientes, por exemplo. Uma vez selecionado um indivíduo que possui essa necessidade natural em explorar mensagens químicas disponíveis no ambiente, basta dar significado para determinada assinatura química e o resto é com ele!
Cão e Parceiro
Isso mesmo! Toda essa ciência por trás dos protocolos de treinamento de detecção de substâncias tem por objetivo tornar a comunicação entre homem e cão mais eficiente.
Por isso é comum verificar que o treinamento de formação cães de detecção acontece em ambientes “controlados” aos moldes de um laboratório. Quanto mais preciso for o treinamento nesse aspecto, mais criterioso e eficiente será o cão farejador.
Portinho Cardoso de Castro.
Soldado PMSC